Preço internacional do açúcar e a decisão das usinas
A versatilidade é uma das marcas do setor sucroenergético. A maior parte das usinas tem capacidade instalada para produzir tanto açúcar quanto Etanol. Nesse sentido, o preço internacional do açúcar tem feito com que muitos produtores decidam pelo adoçante.
E essa decisão, claro, é motivada pela expectativa de uma maior lucratividade.
Ao commodity se manteve em alta ao longo de boa parte do ano 2020. Depois que a queda natural no começo da pandemia, o consumo cresceu.
Ao mesmo tempo, a Índia – um dos maiores produtores mundiais – enfrentou problemas logísticos.
A dificuldade de um dos principais players do mercado em exportar fez o preço subir.
Nesse ínterim, as medidas de distanciamento social levaram à uma redução no consumo de combustíveis.
A retomada veio apenas no segundo semestre. Como resultado, mais usinas optaram pelo adoçante.
A tendência se manteve no início de 2021. Em fevereiro, a commodity bateu seu preço mais alto em seis anos na bolsa de Londres.
As semanas seguintes foram de estabilidade, à espera justamente de notícias indianas.
Se os problemas de transporte se repetirem, o açúcar deve seguir em alta nas bolsas e nas usinas.
Preço internacional do açúcar: fator Brasil
A movimentação do mercado também depende diretamente da produção no Brasil.
Ao lado da Índia e da Tailândia, o país está no topo do ranking mundial de fabricação do adoçante.
Nesse sentido, a opção das usinas brasileiras tem peso no preço internacional do açúcar.
Um fator que levou o país a destinar mais cana para o produto alimentício foi o câmbio.
Sua moeda, o Real, passa por um processo de intensa desvalorização frente ao Dólar.
Como resultado, exportar é um bom negócio.
O etanol produzido em suas usinas é consumido majoritariamente pelo mercado interno.
O açúcar, contudo, tem os portos como destino principal.
Nesse sentido, mantidas as taxas atuais de câmbio, a tendência é que o açúcar seja o produto final da maior parte das usinas.
América Latina
Segundo a agência de classificação de riscos Moody’s, a América Latina vai produzir 40 milhões de toneladas de açúcar em 2021.
Dessa forma, o montante representaria um aumento de 35% em relação a 2020.
De acordo com a agência, o excesso de produção não deve impactar o preço.
Acima de tudo após a notícia de queda na safra tailandesa.
Sua perspectiva é de que os preços para março de 2021, 2022 e 2023 fiquem em R$ 1.662/tonelada.
Como resultado, os produtores faturariam 7% a mais em relação a 2020/2021 e 30% em relação a 2019/2020.
Para o Etanol a expectativa é mais modesta.
Nesse sentido, o biocombustível deve ter valorização de 2,4%.
Esse cenário contempla fatores como a queda no preço do petróleo, que pressiona o Etanol.
Por outro lado, a segunda onda da pandemia do novo coronavírus tende a afetar menos o consumo do que a primeira.
Ao analisar as principais empresas do setor na região, a agência apresentou cenários positivos de crédito.